Já mostramos ao longo deste mês aqui no Blog vários modos como as famílias de nossos alunos participam do dia a dia escolar de seus filhos, netos, sobrinhos e irmãos, não é? Hoje vamos mudar o sentido dessa conexão. O convite agora é ver como as nossas atividades na Educação Infantil atravessam os muros da escola para chegar até a casa das crianças.
Como? Uma das estratégias é criar atividades que envolvam toda a família. Além do livro escolhido pelas crianças de todas as turmas, que vai pra casa toda a sexta-feira e é lido/contado por algum familiar no fim de semana, o próprio projeto Brinquedos e Brincadeiras de Antigamente, do Grupo 3, já divulgado aqui, tem uma fase para além da sala de aula. É quando os pequenos levam para a casa, através do caderno de recados ou da pasta, a missão de coletar informações sobre a infância dos familiares num tempo bem mais remoto. Essa conversa prévia, esse envolvimento das famílias, é fundamental para que o projeto tenha sucesso. São as lembranças dos avós, a coleta de algum brinquedo antigo ou fotografia que ajudam a criar uma experiência de visita desses avós em sala de aula ainda mais rica depois.
Intercâmbio
parecido acontece também em outro projeto do Grupo 3, o das Coleções. A ideia é
que as crianças possam coletar elementos para compor as coleções da sala de
aula, envolvendo os familiares nesse “garimpo”. No Grupo 4/5, o estudo do
supermercado também mexeu com a rotina dos familiares, afinal as crianças passaram
a observar o espaço de compras, com atenção à organização dos alimentos nas
prateleiras e com o olhar também muito atento à questão do consumo no momento
de realizar as escolhas do que adquirir.
Outra iniciativa desse tipo, este ano, foi a Visita do Baú para o Grupo 2A e a Visita da Maleta para o Grupo 2B. Dentro do projeto Relações Cotidianas na Família, dessa vez com enfoque na alimentação, o envio desses objetos confeccionados coletivamente para a casa teve o objetivo de aproximar os universos da casa e da escola, promovendo um intercâmbio de aprendizagens nesses dois cenários tão queridos pelas crianças, identificando e reconhecendo, especialmente os hábitos alimentares ou a cultura alimentar de cada família.
Ficou curioso sobre o baú/maleta? A gente explica: dentro do objeto, as famílias encontram um caderno de receitas para ser preenchido a cada visita, um avental e um chapéu de cozinheiro. O foco da atividade é a criança perceber que o horário do almoço dentro da família contempla uma série de funções, como a própria tarefa de preparar o alimento, a organização da mesa para a refeição e a limpeza das louças. E a ideia é que os alunos coloquem a mão na massa, ou seja, que, de forma segura, possam contribuir para essas ações coletivas, assumindo pequenas responsabilidades.
O legal é que a atividade não acaba aí. De volta à escola, o caderno de receitas chega com o passo a passo de uma nova refeição, um novo hábito de uma família, novas sugestões de alimentos e rotinas. Além da receita, o baú/maleta também retorna com algum utensílio de cozinha, que acaba sendo incorporado ao kit da sala de aula. E o melhor, as crianças podem preparar algumas dessas receitas juntas, como aconteceu com o Pão Caseiro da Antônia e o Bolo de Chocolate Cremoso da Lis, cuja mãe, Vera, veio ajudar a preparar.
Pode parecer pouco, mas não é. Em um mundo corrido e altamente tecnológico e individualista, no qual muitas crianças não têm nenhuma noção de onde vêm os alimentos ou de que há pessoas envolvidas no preparo para que possam degustar algum prato à mesa, esse conhecimento ajuda a compor uma educação mais ampla, que incorpora um dos nossos maiores pilares: uma educação para compreender o mundo.
Mas nenhuma escola faz isso sem a ajuda das famílias, não é? Por isso nosso muito obrigada a todo mundo que se envolve com a gente nessas nossas invenções.
Quem ganha sempre são as crianças (e, de quebra, achamos que as famílias também!). Que bom! Ah: mas tem uma invasão extra acontecendo aí na sua casa, envolvendo todas as turmas da escola, né? Invasão das boas: as canções do nosso músico convidado Yanto Laitano, correto? Mas sobre isso a gente fala longamente mais adiante. Até!