Tatiana Cruz
(Mãe da Elena, 7 anos, aluna do 2º ano)
Recomendação é uma palavra meio feia. Pelo menos na minha opinião. Re-co-men-da-ção. Dita assim, vagarosamente, parece vir coberta de pompa e circunstância, como uma formalidade. E formalidades não parecem combinar muito com crianças. E a bagunça em torno delas. Esse ano, porém, essa palavra ganhou um novo significado para mim.
É que Elena, minha filha de sete anos, está às voltas com recomendações. Recomendações de livros. A ideia é que as crianças, que estão cursando o 2º ano do Ensino Fundamental, descubram o prazer da leitura e possam espalhá-lo ao redor. Mas o que poderia parecer mais um assunto chato e protocolar de sala de aula, no adorável filtro educacional da Projeto, se torna um encanto. E a palavra meio enfadonha ganha um novo sentido.
Recomendamos tudo o tempo todo e a todos. É o xampu que combate a oleosidade, a feirinha de orgânicos da esquina, a série da Netflix… E o que mais admiro, na Projeto, é ver como a escola consegue se apropriar da intensidade que é a vida cotidiana, com seus acontecimentos “nada formais e pomposos”, e inserir isso na aprendizagem, conferindo sentido ao que a professora diz. No enunciado do tema, a palavra recomendação pode parecer um tanto sisuda, chata, distante. Mas, estando as famílias e a escola conectadas na riqueza desse aprendizado informal, o ensino flui, mais lento pra uns, mais veloz pra outros, mas flui. Porque faz sentido. E o que faz sentido é transformador.
Sabe como eu percebi isso aqui em casa? Sendo impedida de dar um spoiler sobre uma série que queria muito que o pai da Elena visse quando o enchia de “recomendações”.
– Mãe, não diz isso, por favor, não conta tudo. Diz o que tu acha sem contar as surpresas do meio e do final. É assim que a gente recomenda um livro para um amigo. A profe ensinou.
Bingo. É sem spoiler, mas com muita verve, pessoal!