(Mãe de Beni, da turma 13)
Minha família de origem nunca foi muito “carinhosa” no modo de nos tratarmos, uns aos outros. Era muito comum nos provocarmos com o uso de palavras como: “alesada”, “idiota”, “demente”, dentre outras preciosidades. Também sempre fomos sarcásticos e irônicos entre nós. E quem demonstrasse ter um espírito um pouco mais sensível… era rápida e devidamente ridicularizado…
Dito isso, confesso aqui que não consegui me livrar totalmente dessa herança familiar. Volta e meia vejo sair de minha boca, como se tivessem vida própria, juro, aquelas mesmíssimas expressões que tanto me magoaram no passado e que jurei não repetir. É o passado, ali, querendo ser presente.
Claro que me assusto quando isso acontece. E sei que assusto os outros também. Aprendi a pedir desculpas. Estou aprendendo a controlar o que falo.
E assim chegamos ao mote desse texto. Beni, no alto de seus 5 anos, larga na escola o adjetivo demente. Chama o amigo de demente. A professora, atenta, explica ser aquela uma palavra muito forte e que magoava o colega. Beni, do alto de seus 5 anos, defende a mãe dizendo: “Não é nada demais, professora. Minha mãe vive me chamando, sempre que estou distraído”. A professora, compreendendo a delicadeza da situação, não contesta. Mas convida a pesquisarem no dicionário o real significado da palavra em questão. E, claro, para surpresa de meu pequeno defensor, descobrem a fúria, a grosseria, o desrespeito e o preconceito contidos ali. Beni fica boquiaberto e nunca mais usaria aquela palavra.
Volta pra casa, olhos arregalados e me ensina. Mãe, tu nem imagina… mas demente não é o mesmo que distraído! É uma palavra horrorosa e ofensiva!
Aprende mãe. Aprende Brenda. O passado ficou lá atrás. E o futuro respira, aliviado.