No Blog da Escola da Vila/SP, a professora Daniela Munerato publicou um texto bem interessante, e sempre oportuno, sobre fronteiras e limites importantes para as crianças, os quais, às vezes, são difíceis de serem aceitos e realizados pelos seus responsáveis. Não perca esta reflexão!
Por Daniela Munerato
O tempo não é somente medido por horas, minutos, segundos. A noção de tempo para os pequenos é dada pelas ações e, por essa razão, a organização da rotina é tão importante e gera segurança. Existem também outras ‘marcas’ desse tempo, como rituais que antecipam o que vai acontecer: uma história antes de dormir ou determinada música que sinaliza a um grupo que deve reunir-se em um momento de roda.
Essas marcas também são dadas pela organização dos espaços. Quando um portão abre ou fecha, uma corrente está ou não presente num espaço, se há cones nas ruas, aprendemos que determinadas condutas ajudarão o coletivo a funcionar. Elas são marcas sociais, culturais. A escola representa a sociedade para nossos alunos que aprendem a dividir um espaço, a olhar o outro, a entender que, para a boa convivência, existem regras comuns. As regras consideram a segurança deles, a limpeza dos espaços, o momento de um ciclo, o início, o meio ou o fim do dia.
Nesse contexto, esperamos que todos que frequentam o espaço escolar contribuam para que o convívio e a interação aconteçam da melhor forma possível. Partimos da ideia que a rotina escolar inicia quando a criança entra na escola, e só termina quando ela sai. Algumas vezes, observamos que as mochilas e lancheiras voam de repente, ou são simplesmente depositadas em algum local. Crianças testam os adultos de referência, tentando utilizar espaços que já estão fechados – “só um pouquinho” -, como brinquedos do parque, passando por baixo da corrente ou levantando o plástico da areia para brincar. São espaços de fronteira, que as crianças reconhecem com seus professores e que os pais podem ajudar a garantir que os respeitem.
Como atuar nestes momentos? Ter falas que os façam pensar: “Pegue suas coisas, está na hora de ir embora”, “Agora é hora do parque? Vamos para casa, tomar banho, descansar”, “O que significa quando tem esta corrente?”, “Este é um espaço que você usa com o seu grupo e o seu professor”.
Sim, todos compreendemos os códigos de organização dos espaços. Algumas vezes ficamos desanimados por ter que dizer não, ao discutir com a criança, ao ter de fazê-la entender que essas ações fazem parte da nossa parceria e do educar. A compreensão da regra se dá com a ajuda do adulto, que garante seu cumprimento em função do valor que justifica sua criação.
Desejamos ter entradas e saídas tranquilas e, para isso, precisamos da ajuda de todos, para que as crianças se apropriem da ideia de que alguns espaços somente são utilizados sob a supervisão dos professores e em momentos da rotina do grupo. Temos a certeza de contar com esse apoio. Em dias de eventos para as famílias, temos enorme prazer em organizar espaços especiais de brincadeiras e encontros com o propósito de que pais, tias, avós permaneçam na escola com as crianças, vivendo um pouquinho mais desse cotidiano.
fonte: Blog Escola da Vila – http://www.escoladavila.com.br/blog/?p=12834