Beth Baldi (1)
Quando se pensa em crianças, uma das primeiras coisas que vêm à nossa cabeça é sua curiosidade. Ela está nas constantes perguntas, no olhar observador para tudo, nas brincadeiras, no agito ou na concentração, na busca constante por algo novo.
É bonito de ver, especialmente se nos alegramos e curtimos junto, se estamos sintonizados com essa energia que a leva adiante, que a move. A curiosidade se parece a uma grande força interior que impulsiona, faz avançar e pode salvar. Mas, se não for cuidada e estimulada, pode se esvair e até se acabar… O que poderia ser muito triste, já que ela é a semente dos novos conhecimentos e das descobertas que podem salvar o planeta.
Na verdade, confesso, talvez esse assunto me tenha vindo assim, tão espontaneamente, ao começar a escrever sobre as crianças nesta véspera de seu dia no calendário, por ter escutado há pouco tempo o episódio 22 do podcast “Cuidar não é educar” (2), que fala sobre “O poder da curiosidade” de um jeito muito bacana. Vale a pena escutar! (3)
Ou, quem sabe, esse tema esteja ligado, simplesmente, ao tanto de tempo que estive a olhar para as crianças, nesses anos todos de escola, cuidando e educando, interagindo e tentando compreender, aprender, me aproximar mais e mais, viver momentos prazerosos e “construir saudades”… (4)
Em todo o caso, no final das contas, o que desejo com este texto é nada mais do que exaltar essa característica tão linda e estimulante das crianças, a qual oportuniza a elas muitas aprendizagens sobre o mundo e a nós, adultos, alguma esperança! E é por isso que deixo aqui, para me ajudar a falar sobre esse desejo e para celebrar do Dia das Crianças, este poema da Roseana Murray, do livro Classificados Poéticos, Ed. Miguilim/1984:
Procura-se algum lugar do planeta
onde a vida seja sempre uma festa
onde o homem não mate
nem bicho nem homem
e deixe em paz
as árvores da floresta.
Procura-se algum lugar no planeta
onde a vida seja sempre uma dança
e mesmo as pessoas mais graves
tenham no rosto um olhar de criança.
(1) Diretora pedagógica da Projeto.
(2) Podcast produzido pela Rádio Mínima, com Julio Walz e Arthur Gubert, a partir da publicação do livro de Julio Walz (psicólogo e psicanalista, pai de ex-alunos da Projeto, tem vários textos publicados no nosso blog), com o mesmo título – “Cuidar não é Educar” -, lançado em 2023. Episódios semanais com 20min de duração trazem reflexões sobre o convívio entre crianças e adultos: https://www.escolaprojeto.g12.br/podcast-cuidar-nao-e-educar/
(3) Link do episódio 22: https://youtu.be/BU5ErXjXPtg?si=BZ16VZpmqxIsPLka
(4) Expressão aprendida com o querido Nelson Coelho de Castro, músico convidado da escola em 2007, e falada no show comemorativo dos 25 anos da Projeto, em dezembro de 2013, no teatro da Assembleia Legislativa do RS, em que se apresentaram o Grupo de Canto adulto da escola junto com os vários músicos convidados até aquela data. Ali ele disse, em seu depoimento, que nos seus anos todos de existência a escola estava “construindo saudades”.