Tirar uma folha de árvore, ir mastigando, sentir os ventos pelo rosto…
Sentir o sol. Gostar de ver as coisas todas.
Gostar de estar ali caminhando. Gostar de estar assim esquecido.
Gostar desse momento. Gostar dessa emoção tão cheia de riquezas íntimas.
Manoel de Barros
Há nove anos, minha filha mais velha, Martina, de dez anos, pede que eu acompanhe sua turma nos passeios da escola Projeto. Poucas vezes pude participar dos famosos sorteios, em razão da pouca flexibilidade que tenho no trabalho. Caras feias acompanhavam, invariavelmente, meus sucessivos não. E isso doía, em mim e nela. Até porque, para além de momentos formativos importantes, sempre soube que se tratava de uma oportunidade única de convivência com a Martina e seus colegas – ainda que nossa agenda externa com eles e suas famílias seja bastante intensa…
No ano passado, finalmente, pude acompanhá-los em um passeio a territórios negros de Porto Alegre. Lembro que fazia bastante calor. Mas lembro, melhor ainda, da atenção e do respeito daquele grupo de crianças, da então turma 32, com as pessoas que conversaram conosco pelos lugares onde passamos. Fosse ele um professor de história, fosse um líder comunitário de um quilombo, todas as vidas importavam e, por isso mesmo, para além dos ensinamentos e das curiosidades que traziam consigo, essas vidas mereciam atenção e respeito. E os tiveram.
Mas isso foi apenas uma palinha do que estava por vir. Neste ano, um ano de despedida, desde que a tal da viagem a Torres fora anunciada, bloqueei minha agenda. 25 de outubro: dia de Martina! Tarefa feita com antecedência, restava agora ser sorteada. E não é que os astros estavam a meu favor?! Nunca esquecerei, ao buscá-la na escola e já sabendo que seria uma das acompanhantes, de ela me abraçando; desta vez, com uma cara bonita. E emotiva. O “prêmio” chegou no momento certo, quando a Martina, após nove anos de Projeto, deixará o espaço que a tornou, junto à sua comunidade escolar, uma menina tão especial.
Especial como as 26 crianças que embarcaram rumo ao litoral naquela sexta de sol. E sol, nesse 2024 chuvoso, é bom presságio. Que viagem de respeito, minha gente! Em todos os sentidos. Dessa vez, eram duas turmas: a 41 e a 42, que, em suas diferenças, tornaram-se um único corpo, ao brincar com a rede de pesca em Tramandaí, correr sem parar no Morro do Farol e catar Marias-Farinha ao luar da Praia Grande, em Torres.
Em todas as paradas, incluindo, aí, Ceclimar e os Parques Tupancy e da Guarita, elas souberam aproveitar, cada qual do seu jeito, o que era oferecido. Uns anotavam, outros desenhavam, alguns abraçavam as profes, outros se reuniam em trios e compartilhavam descobertas. No momento das refeições, êxtase! Servir-se em um buffet (e com direito a mais de uma opção de sobremesa!), sentar-se sozinho com os amigos; era possível perceber as crianças crescendo, ao vivo e a cores. Assim mesmo, no gerúndio. Como foi bom vivenciar tudo aquilo: observar crianças “presentes”, alegres por estarem ali. Juntas.
E juntos retornamos a Porto Alegre, após 24h de convivência ímpar e feliz. Tudo funcionou maravilhosamente bem. Viagem organizada, crianças curiosas e professoras acolhedoras (Amanda, Luli e Deborah). Mas o que melhor funcionou, sem dúvida, foi a bagagem de humanidade que cada criança levou. Como diria minha avó, “dá gosto de ver” o que famílias e escola com valores comuns são capazes de fazer.
Já quase em Porto Alegre, a Deborah abriu o microfone para as crianças. Cada uma podia dizer uma palavra que remetesse à viagem. Deu de um tudo. Por vezes chorei, outras eu ri. Outras, ainda, eu ri, chorei e cantei. Tudo ao mesmo tempo. Quando uma menina resolveu cantar e o ônibus todo, literalmente, cantou junto e bateu palma, eu tive certeza de que aquela não era uma viagem qualquer. Era uma viagem de respeito, cujos viajantes sabem, de fato, que “as coisas mais importantes da vida não são coisas”.
E isso é o que de mais significativo minha filha leva da Projeto, nos nove anos em que esteve viajando com ela. Nós só temos a agradecer pelo roteiro e pelas memórias que estarão sempre conosco.
Laura Dalla Zen, mãe da Martina, da turma 42.
Felizmente fui sorteada para ir com os alunos do 4ª ano para essa viagem extraordinária, desta Escola maravilhosa. Digo felizmente, porque eu queria muito e a minha filha também.
Num primeiro momento paramos em Imbé para visitação aos botos, mas não conseguimos vê-los. Mesmo assim as crianças estavam radiantes e felizes, assim como em todo o resto do passeio.
O que mais me chamou à atenção foi a sintonia entre as crianças como um todo, com as professoras e pedagoga Deborah: amor, confiança, companheirismo, amizade e alegria do grupo em poder conhecer e explorar lugares novos e maravilhosos! Além disso, as crianças cumpriram todos os combinados feitos com as professoras, mostrando educação e um comportamento impecável.
Poderia escrever uma, duas ou mais folhas dessa experiência única, mas digo simplesmente: Escola Projeto (como um todo), professoras Amanda e Luiza e pedagoga Deborah, não tenho palavras para descrever o orgulho e a admiração por vocês todas. São únicas.
Muito orgulho de fazer parte desta família.
Janice Leal, mãe da Melissa, da turma 41.
Meu relato refere-se primeiro à organização da escola em todos os sentidos (horários, combinados etc.).
Depois, os conteúdos e vivências que experimentamos com as crianças foram muito legais: pudemos perceber a importância do cuidado com o meio ambiente e do quanto nossas decisões do presente impactarão no futuro dos nossos filhos.
Também é importante reforçar a participação de todos os alunos, a curiosidade com que se apresentaram no passeio, nas perguntas realizadas, demonstrando total interesse pelos temas.
Finalizo, agradecendo pelo convite e dizendo do quanto voltei mais feliz e alegre por tudo que vivenciei, reforçando o quanto nossa família está encantada pelo projeto da Projeto!
Anderson Soares, pai do Pedro Henrique, da turma 41.
Adorei participar da viagem de estudos do 4º ano ao litoral do RS. Muito legal sentir o astral dos pais entregando na porta da escola os filhotes para essa primeira vivência de pernoite fora e em grupo.
O entusiasmo dos nossos pequenos ao longo de todo dia era contagiante: curiosidade, atenção, diversão, aprendizado com prazer. As crianças interagiram em toda programação – desde o Projeto Boto da Barra/UFRGS e Ceclimar, em Tramandaí –, sempre com perguntas inteligentes e instigantes.
Também gostei de ver a descontração, mas com educação, nas refeições, a interação e a inclusão de todos, independente da turma.
Já no Parque Tupancy, em Arroio do Sal, houve vibração com a trilha para observação da flora e fauna locais, culminando com a visita ao Morro do Farol e o Parque da Guarita, onde se divertiram muito.
Após um bom jantar, a aventura da saída noturna para a “caça” às Marias Farinha.
A Projeto está de parabéns em nos auxiliar na formação de jovens tão legais, solidários, respeitosos, curiosos e criativos. Os professores e coordenadores, sempre atentos e carinhosos, fazendo a Projeto que imaginei e que a Elena teve o privilégio de vivenciar.
Beto Conte, pai de Elena da turma 42.
(*) Título do depoimento de Laura Dalla Zen, mãe da turma 42, que utilizamos aqui para o conjunto dos depoimentos escritos pelos quatro familiares acompanhantes, aos quais pedimos que se manifestassem sobre essa viagem de fechamento dos Projetos de Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ed. Ambiental da série, que têm como foco O Litoral do RS, aspectos geográficos, urbanos, fauna, flora e preservação.
Crédito fotos Beto Conte