É sempre assim: arte chama arte. Cada vez que um artista convidado começa a ser estudado aqui na escola, de forma multidisciplinar, ingressando na rotina das nossas turmas, a criatividade das crianças, que já é, normalmente, bastante estimulada, parece que dá um salto, no sentido da ampliação do repertório de técnicas, percepções e produções. Com o estudo da obra da artista Ana Flávia Baldisserotto não foi diferente.
Com seu Armazém de Histórias Ambulantes, espaço de arte itinerante momentaneamente “estacionado” no Parque da Redenção, a artista proporciona às crianças um momento de troca de produções, uma espécie de escambo mesmo: a criança pendura no varal da carroça algo que criou e leva de volta uma arte produzida por alguém que, um dia, também deixou na carroça a sua produção, que pode ser um desenho, uma escrita ou o que mais a imaginação puder inventar. Esse intercâmbio criativo serviu de ideia para uma ação que não ficasse apenas nas linguagens mais conhecidas e comumente trabalhadas na escola, como pintura, desenho ou recorte e colagem, mas que mobilizasse outras linguagens, como a fotografia.
“A ideia era criar fotos para usar como troca na carroça da Ana Flávia, porque ela usa fotos que não são ‘úteis’ ou que saíram erradas, especialmente as de quando usávamos filme. Imaginei unir essa demanda ao nosso projeto que está sendo trabalhado este ano com o Grupo 3 (crianças de 3 anos), de olhar para os detalhes da rotina. O olhar para o minúsculo, o mínimo. Então, convidei o pai do João, Fábio Alt, que é fotógrafo, para nos ajudar a pensar na fotografia como uma forma de recorte mais detalhado das nossas rotinas na escola, trazendo a ideia de que o foco da câmera nos ajuda a observar as minúcias do cotidiano escolar. Foi lindo!”, explica Taynara Lopes de Bairros, professora do Grupo.
Para começar, foi realizada uma roda de conversas com os pequenos, momento em que Fábio mostrou máquinas antigas, falou sobre a importância de fotografia e os convocou para manusear os equipamentos. Depois disso, as crianças foram ao pátio na companhia do fotógrafo, desafiadas a enxergar aquele espaço “com outros olhos”, focando nos detalhes:
“Elas ficaram encantadas em observar detalhes das plantas, bichinhos que encontramos nos caminhos dos jardins, pararam para olhar a horta. E isso rendeu fotografias a partir desse olhar delas (veja a seguir uma galeria de imagens feitas pelas crianças). Ficaram lindas!”, conta a profe Tay.
A aventura não parou por aí e virou exposição. Um trabalho que encantou as famílias e reforçou a importância da arte como um instrumento de percepção aguçada do dia a dia das crianças, do respeito ao entorno, ao espaço cotidiano e compartilhado e, também, da nossa vocação, como escola, de enxergá-la, a arte, como elemento potencializador da vida.
Obrigada Taynara e Fábio por essa linda parceria!
Veja aqui as fotos captadas pelas crianças: