Rafael Bricoli (*)
É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo… (Paulo Freire)
Nesta semana, vivemos uma onda de calor intensa, a maior dos últimos tempos e a menor dos tempos que estão por vir. O ano de 2024 foi o ano mais quente da história humana, até agora. As evidências da emergência climática são cada vez mais sentidas em nosso dia a dia, seja em forma de calor extremo, chuvas torrenciais, queimadas e suas fumaças que cobrem o país, nível dos mares subindo, perda de biodiversidade etc. E pra completar, esse momento histórico afeta também o nosso psicológico. Há a angústia derivada dos efeitos do aquecimento global: a ansiedade climática, que, infelizmente, tem atingido e muito a infância e juventude.
Diante desse cenário, há duas possibilidades: desistir ou não desistir. Há quem desiste mesmo, não se importa, nem pensa no futuro. Há quem prefira transferir a responsabilidade pra outras pessoas. Obviamente agentes públicos, prefeitos, presidentes, bilionários, pessoas com poder de decisão, que são responsáveis por cuidar do ambiente em que vivemos e devem, sim, ser cobrados(as) pelas ações que estão ou não estão fazendo diante desse problema tão evidente. Porém, transferir para essas figuras toda a responsabilidade de ação é um jeito cômodo de não fazer nada, de ter uma passividade, de não se comprometer e entregar os pontos. Estou aqui para propor o oposto disso.
Desde 2021 participo e coordeno as ações do Grêmio Estudantil da Projeto, que, naquele ano, passou a fazer parte do Movimento Escolas pelo Clima. Esse movimento é um espaço em que escolas pelo país todo trocam suas experiências e suas ações relacionadas à emergência climática. É uma rede de apoio no quesito educacional e climático. O Grêmio Estudantil, desde então, tem por objetivo dar vazão para as inquietações das crianças do 5º ano, pensando em ações concretas relacionadas a meio ambiente, solidariedade e reciclagem. A cada ano, duas chapas são criadas com propostas diferentes. Todas as turmas votam, num exercício de democracia, na chapa cujas ações querem ver sendo feitas. A mais votada executa a sua ação no segundo trimestre e a menos votada no terceiro trimestre, garantindo a participação das duas chapas e a execução de suas ideias. E durante o ano letivo, as crianças experienciam os desafios do percurso de colocar as suas ideias em prática. No final do texto, deixo links dos meus relatos sobre ações dos anos anteriores, onde você pode ter uma ideia sobre como isso acontece (**).
Mas, para esse ano, trago uma novidade!
Quando propus que as atividades do Grêmio precisavam estar ligadas à questão climática, fiz isso com o intuito de sanar uma inquietação pessoal. O meu jeito de pensar globalmente, mas agindo localmente, no ambiente que me cabe. Agir para sanar essa vontade de fazer alguma coisa. Qualquer coisa. Então, meu trabalho é, enquanto adulto, dar vazão às ideias das crianças em relação ao tema. E auxiliá-las para que essas ideias e propostas cheguem de fato a acontecer. Essas ideias precisam ser escutadas, já que vêm delas o interesse genuíno de se ter um planeta habitável para o futuro. Eu aprendo muito nessa troca. E se você, assim como eu, também tem vontade de agir em ações e mobilizações concretas, aqui está uma ótima oportunidade pra se somar.
A proposta é ter maior participação de adultos da comunidade escolar na execução das ações pensadas pelas crianças. Familiares, funcionárias(os), professoras(es), toda a comunidade está convidada a somar com a gente. Qual é o melhor lugar para depositar a sua esperança, senão na escola do(a) seu(sua) filho(a)? Venha fazer parte do Grêmio Estudantil pelo Clima de 2025.
A esta altura, se você gostou da ideia, deve estar se perguntando: Como posso apoiar o Grêmio?
Pode apoiar trazendo seus saberes em determinadas áreas, pode apoiar com a mão na massa, na separação dos resíduos ou nas caronas. Pode apoiar no acompanhamento das atividades fora da escola, pode apoiar fazendo contato com outras instituições e criando outras redes, pode apoiar na destinação correta dos resíduos que a escola coleta (óleo de cozinha, esponjas, tampinhas, eletrônicos, pilhas). E pode também participar semanalmente junto com as crianças no horário dos encontros do Grêmio. Essa participação é espontânea e não precisa ser em todas as atividades. O importante é ter essa rede de apoio mais ampliada na comunidade escolar da Projeto. E, com isso, chegar a lugares diferentes e contribuir com ações maiores. A proposta é ter mais adultos fazendo uma ponte entre a ideia das crianças e a sua execução. É ser as mãos que vão, ao menos tentar, colocar essas ideias no mundo. Começando na escola, no seu entorno, no bairro, quiçá na cidade. De forma prática.
Mais do que nunca, precisamos nos abastecer de esperança infantil. Mas uma esperança inerte não ajuda em nada. É preciso esperançar como ação e atitude. Então, venha se juntar a nós, neste ano, sendo um apoiador, colocando suas mãos à disposição e ajudando a esperançar as ideias dessas crianças de um futuro diferente.
Se interessou? Tem dúvidas? Inscreva-se pelo meu e-mail rbricoli@hotmail.com que combinamos o melhor jeito de você apoiar.
Juntos somos mais fortes.
(*) Professor de Teatro na Escola Projeto e Coordenador do Trabalho com o Grêmio Estudantil.
(**) Links de relatos sobre as ações do Grêmio Estudantil da Projeto em anos anteriores: