Rubem Penz
Prezado leitor, prezada leitora
Olhando os arquivos na pasta “Projeto” notei o fato de que alcançamos a incrível marca de 30 textos. Trinta! Jamais pensei que chegaria tão longe como colaborador fixo de um blog especializado em Educação. Sim, sei, a vivência escolar é muito ampla, contemplando inclusive análises de um articulista leigo. Mas, 30?! Daí o espanto.
Tudo que fiz, e o fiz de coração e alma, foi dar voz ao espanto. Sim, criar filhos hoje (e ontem e amanhã) é uma tarefa espantosa. Também a função de os ensinar, mediar seus conflitos, acompanhar a evolução, inspirar e transpirar com (e por) eles, é espantosamente maravilhoso. Por isso minha admiração devotada aos profissionais envolvidos na educação em geral, muito particularmente aos colegas aqui presentes, da Projeto. Coisa de fã.
Porém, algum negócio no íntimo me diz ter o ciclo se completado. Meu desejo de contribuir deve ser diretamente proporcional à sensação interna de permanecer relevante. Neste sentido, sinto cada vez mais dificuldade em adotar uma nuance para a qual meu olhar lance uma luz que valha a pena aos leitores. Na certa a coisa bate nas minhas limitações de conhecimento específico, na falta de leitura especializada (uma confissão: em se tratando de leituras, parece que minha dívida interna só cresce e – que fazer! – acabo investindo 90% das linhas em questões de trabalho). O problema, enfim, sou eu, e não vocês (hahaha).
Estou orgulhoso do construído. Um dia, quem sabe, a Projeto aproveita o material dos colaboradores para além dos limites eletrônicos, e isso me faria feliz. Estive honrado em compor com um time de primeira e, até por isso, quero muito pendurar as chuteiras antes da câimbra nos neurônios, rompimento nos ligamentos de parágrafos, gols contraproducentes. Deixar saudade, e não causar alívio. Abrir espaço para outros fardarem e vencerem os desafios quinzenais de encantar as arquibancadas.
Escolhi o momento, final de ano, por saber que inicia um período de silêncio no blog e, importante, há como recompor a equipe com tempo. Vai bater muita saudade, a preocupação quinzenal deixará um vazio. Ainda assim, sou firme em minha decisão. E Deus sabe que há um custo – sinto-me grato em medida elevadíssima.
Já pedi (e ganhei) a permissão de enviar algo extemporâneo, caso um tema me sensibilize. Portanto, não chega a ser um adeus daqueles. Ainda mais espantoso seria perder vocês para sempre…
Abraços e beijos
Rubem