Por Lais Pereira de Oliveira
A correção das lições é alvo de muitas dúvidas: “O caderno do meu filho tem algumas atividades que só têm marcas de correções feitas por ele…E a professora? Não corrige depois das correções feitas pelas crianças? E se uma criança corrigir errado ou não corrigir uma lição, o que acontece? Vai ficar errado? E quando ela for estudar para a prova?”.
Por trás dessas questões, está a ideia de que a aprendizagem se dá por estímulos externos, pelo controle e pela exposição daquele que ensina. Perpassa a ilusão de que, porque o professor diz o resultado, controla a resposta, o aluno aprenderá. Dentro dos princípios que regem a prática construtivista, não é assim que a aprendizagem se dá. Para aprender, é preciso um processo que implica num posicionamento ativo do aluno frente ao objeto de ensino. E, nesse sentido, não basta apenas resolver problemas, sejam eles de qualquer área do conhecimento, mas também pensar sobre as resoluções, comparar as diferentes respostas, debater ideias, argumentar. E é no momento da correção das atividades que essas ações acontecem.
Na Escola da Vila, temos diferentes modalidades de correções de atividades: correções coletivas em que toda a classe discute junto; correções realizadas em duplas; correções feitas em pequenos grupos; correções feitas pela professora com devolutiva aos alunos. Em todas essas modalidades, os alunos são colocados no centro do processo. Mesmo quando a correção é feita pela professora, há uma devolutiva ao aluno que o faz voltar ao que foi realizado, repensar sua estratégia, revisar sua resposta.
Mas, então, retoma-se uma das perguntas iniciais desse texto: mas o que acontece quando os alunos corrigem uma lição em dupla? E se ficar errado? Então as correções estão todas nas mãos dos alunos? A professora não tem controle sobre o que se corrige?
A professora usa de estratégias para acompanhar as correções em dupla e em pequenos grupos. Se for uma lição de matemática, por exemplo, pode colocar um gabarito na lousa. Também passa pelos grupos acompanhando algumas discussões. Recolhe os cadernos de vez em quando, e retoma com alguns alunos as eventuais lições que ficaram sem correção, mas, nesse caso, implica o aluno na retomada e na correção da mesma. Além disso, acompanha mais de perto crianças que têm mais dificuldades ou que se envolvem menos nesses momentos.
Ah, mas pode passar uma lição sem correção? Sim, pode. E quando ele for estudar para a prova? Não acreditamos que uma criança aprende porque leu um resultado certo e também não acreditamos que “desaprende” porque viu um resultado errado. Além disso, um conteúdo não é trabalhado através de uma única atividade, mas sim por um conjunto delas. Se, no momento de revisitar um conteúdo, seja para estudar para a prova, seja para realizar outra atividade, o aluno retoma uma questão que ficou errada, pode contar que retomará muitas outras que estarão feitas de maneira correta, afinal, apesar de não corrigir todas as lições, a professora acompanha de perto as crianças e o percurso de cada aluno (a).
É importante considerar que correção sem reflexão não leva à aprendizagem!
Fonte: http://www.escoladavila.com.br/blog/?p=13328