Michele Hoeveler da Silva (*)
Há alguns sábados, aconteceu na Projeto a Mostra de Ciências do 4º ano. Esses eventos são muito importantes para nós, equipe e crianças, e poder receber as famílias na escola para mostrar um pouco da infinidade de coisas que fazemos é sempre motivo de festa. Mas, desta vez, senti que alguma coisa estava diferente. Até a luz que entrava pelas janelas das salas era uma luz diferente. Não sei exatamente o que foi e fiquei por dias elencando na mente os possíveis motivos. Talvez em outras Mostras, quando professora, eu estivesse tão envolvida, atuando diretamente e tentando garantir que tudo desse certo, que não percebia a magia que acontecia nesses momentos. Ou talvez agora, com a “distância” que a coordenação pedagógica me permite (e me obriga), meu olhar tenha mudado, assim como tantas outras coisas mudaram.
O tema da Mostra era Alimentação Equilibrada. Durante o primeiro trimestre, as turmas estudaram o assunto, leram reportagens, textos informativos, assistiram a vídeos, pesquisaram em livros, em sites, compartilharam receitas, analisaram refeições, exploraram rótulos de alimentos, registraram informações. Em um determinado momento, em grupos, escolheram o tema em que investiriam para apresentar. Eram eles: Obesidade infantil, Grupos alimentares, Intolerâncias e restrições alimentares, Interpretação de rótulos, Alimentos orgânicos e agrotóxicos, Açúcares e gorduras, Alimentos diferentes, Boas receitas de lanches práticos.
As três turmas, divididas em dois horários, se espalharam pela escola para apresentar seus estudos e as famílias vieram em peso para conferir. Mais do que isso, teve muita gente que chegou antes da sua apresentação para assistir a(s) dos(as) colegas. E as famílias se engajaram de verdade no estudo, preparando as receitas com muito cuidado e carinho, ajudando nos ensaios e nos dando retornos muito positivos sobre a influência do projeto na rotina da alimentação familiar. As professoras que, até então, estavam tão focadas e quase tensas, buscando garantir que os materiais tivessem qualidade, que as informações estivessem corretas, que a letra tivesse o tamanho adequado, que o espaço estivesse organizado, que as crianças tivessem tempo para ensaiar e que estivessem seguras, circulavam pelas salas naquela manhã colorida, exalando a sensação de dever cumprido. E foi mesmo.
Além de produzirem ótimos materiais informativos e ilustrativos, daqueles que a gente percebe que foram feitos com muito esmero e dedicação e que têm a cara deles, os alunos e as alunas estavam muito apropriados(as) dos assuntos e tiveram um ótimo desempenho oralmente.
Eu, daquela distância que já citei, pude contemplar as crianças explicarem seus estudos com concentração, mas sem deixar de lado o sorriso no rosto, orgulhosas do que estavam fazendo. Da mesma forma, pude ver as famílias orgulhosas dos seus filhos e filhas, perguntando. Também vi professoras orgulhosas, pelo resultado de todo o investimento, que a gente sabe que sempre vale à pena. Então, saí orgulhosa e iluminada daquela luz diferente. E alguma coisa me diz que ela volta ainda melhor em 2018.
(*) Michele atualmente é coordenadora pedagógica dos 4ºs e 5ºs anos na Projeto, já tendo sido professora regente dessas séries por vários anos na escola.