Aqui na Projeto, Mostra de Ciências tem quase status de festa. A gente explica: na virada de semestre, os projetos de ciências sociais trabalhados em sala de aula “vestem a roupa mais bonita” para participarem de uma espécie de confraternização do conhecimento. E não é uma data qualquer. É um momento muito aguardado pelas crianças, que planejam com cuidado como os saberes acumulados ao longo dos meses vão ser expostos para as famílias – chamativos, coloridos, lúdicos, festivos. Essa participação intensa não acontece à toa: a ideia é que alunos e alunas assumam o protagonismo do evento, ciceroneando os convidados para interagir, assim como eles, com as lições vivenciadas nos livros, nas rodas de conversa e nos passeios. Afinal, aprender e ensinar pode ser muito divertido.
A edição deste ano da Mostra de Ciências começou esta semana na Unidade 2, com as turmas de 1º ano do Ensino Fundamental abrindo as portas do auditório para receber familiares e brincar muito com os temas estudados.
Ciências Sociais dentro do espaço da escola
Você já olhou ao redor do espaço em que vive? Em que trabalha? Onde estuda? Até que ponto estamos tão habituados a transitar nos ambientes da nossa rotina que deixamos de enxergar detalhes importantes sobre esses recintos?
No projeto de Ciências Sociais, os alunos dos 1ºs anos aqui da Projeto estudam a escola. E isso pode até parecer pouco, mas não é! Primeiro porque o casarão da Rua José Bonifácio, número 581, é um espaço novo para toda a turma. Mesmo para os alunos que já estudavam na Projeto, na Educação Infantil, pois vêm de um outro prédio, da Paulino Teixeira. Com os novatos, então, a experiência gira toda em torno da palavra estreia: estreia no mundo da alfabetização, no uso de um caderno, nas tarefas de casa e no espaço físico onde tudo isso irá ocorrer também.
Portanto, esquadrinhar salas, pátios e serviços presentes na casa os ajudam a se apropriar do meio onde a educação vai ocorrer. E mais do que o espaço físico em si, as crianças são convidadas a conhecer cada funcionária, cada professora e professor, a coordenação e suas funções, enfim, tudo que os torne parte de um todo maior – mesmo que esse todo maior, por ora, seja apenas o prédio da escola.
Na última quarta-feira, dia 26 de junho, era possível ver Olívia, aluna da Turma 13, animadíssima com a oportunidade de mostrar aos pais, no auditório da escola, os espaços “secretos” da escola. Apontando para uma foto colada em um cartaz em papel pardo na parede, no qual as crianças criaram um jogo batizado de Caça ao Tesouro, para localizar os espaços da escola, ela se alegrava:
– Aqui é o lugar mais escondido da escola, o esconderijo dos professores – contou, explicando à mãe que, descendo as escadas que apareciam na imagem, era possível chegar “à sala “secreta” dos professores.
– E a gente foi lá, mãe! – comemorou.
A psicóloga Luciana Knijnik, mãe de Olívia, estava encantada:
“Eles estarem conduzindo esse trabalho, de uma forma lúdica, tem imenso valor. Aqui, nós que estamos aprendendo com as crianças. E da forma como eles propõem isso, reforça o que acreditamos: que é possível aprender brincando”.
Essa foi apenas uma pequena amostra do projeto dos 1ºs anos. Todas as turmas prometem grandes confraternizações para os próximos meses sobre o que aprenderam até agora.
Semana que vem será a vez dos alunos de 3º ano. Eles vão contar às famílias sobre os rastros da história de Porto Alegre tendo como enfoque a mobilidade urbana: como a cidade se urbanizou? Como se deslocavam seus moradores e como se deslocam agora? Quais os impactos dessa urbanização na qualidade de vida? Essas são algumas das perguntas em torno das quais se debruçaram nos últimos meses. Eles prometem “vesti-las” com as roupas mais bonitas e coloridas para a festa do conhecimento que eles vão conduzir semana que vem.
Essa festa promete, não é?