Luciane Bonamigo Valls (*
Você já percebeu quantas palavras escondidas existem dentro de CRIATIVIDADE? Cria, ria, atividade, idade, ida e, por fim, a minha favorita, vida. Brincar com as possibilidades que a palavra criatividade gera foi o ponto de partida para a conversa que eu tive com os educadores da Escola Projeto no dia 25 de outubro.
Em 2021, lancei um livro chamado Criatividade Contagiante – Como a escola pode nutrir o pensamento, publicado pela Editora Voo. A direção da Projeto presenteou toda a sua equipe com o livro e, então, organizamos esse momento de conversa sobre o tema.
Mas por que falar sobre criatividade? Por que ela importa?
No livro há um capítulo inteiro em que eu falo sobre os diversos motivos pelos quais precisamos de criatividade nas escolas. Apresento informações da BNCC (Base Nacional Comum Curricular do Brasil) e do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), dados de relatórios sobre o futuro do trabalho do Fórum Econômico Mundial e do LinkedIn e até uma resolução da ONU para mostrar o quanto pensar de forma criativa é uma necessidade crescente.
Entretanto, na minha fala com os educadores da Projeto, optei por uma perspectiva diferente. Quanto mais eu estudo a temática da criatividade, mais eu percebo que a criatividade não é somente uma necessidade, algo que precisamos desenvolver.
Gosto muito de uma frase dos professores John Baer e James C. Kaufman, que afirmam que “pensar de maneira criativa torna-nos mais alegres, interessantes para nós mesmos e para os outros, mais vivos para a vida e suas possibilidades”.
No meu trabalho com criatividade, venho percebendo exatamente isso. Pessoas que nutrem a sua criatividade e buscam desenvolvê-la demonstram graus mais elevados de flexibilidade mental, enxergam problemas como desafios, são mais otimistas e vivem uma vida mais satisfatória. Hoje há, inclusive, estudos associando criatividade a bem-estar emocional e saúde mental.
Diante de um mundo que está apresentando rápidas mudanças, pensar de maneira criativa propicia não só estratégias cognitivas para lidarmos com incertezas e complexidades, mas também condições emocionais para enfrentarmos, de forma mais saudável, tantos desafios. A criatividade permite que estejamos não só preocupados com a nossa “sobrevivência”, mas também com as nossas vivências, uma vez que o pensamento criativo está associado a otimismo, realização e satisfação. Portanto, tenho dito que a criatividade não é só algo que precisamos, mas também algo que merecemos.
Lá no início do texto eu perguntei por que a criatividade importa? Ken Robinson, que foi um grande nome na área da criatividade e educação, responde “Porque ela é parte do que significa ser humano”. Deixar nossa criatividade de lado é perder um pouco do que nos caracteriza como humanos. Portanto, educadores, estudantes e famílias, todos nós merecemos que a criatividade ocupe um lugar de destaque nas nossas vidas para que possamos nos beneficiar do tanto que ela tem a oferecer.
(*) Psicóloga, facilitadora de processos criativos e mentora de criatividade. É também mãe do Rafael e da Alice, ambos ex-alunos da Escola Projeto.