Vanessa Vidor Duarte (*)
Eu poderia dizer que foi amor à primeira vista. Mas a verdade é que eu não lembro muito bem quando comecei a ouvir sobre ela. Teria sido na faculdade, quando ouvi alguns professores enumerando as qualidades, falando com paixão sobre o amor e a valorização à leitura, aos livros, à arte?
O fato é que, ainda na graduação, eu tive a primeira oportunidade de conhecê-la de perto. Na ocasião, mesmo não estando no meu habitat natural – leia-se aqui, a sala de aula -, pude viver a Projeto, sentir o clima, começar ali um estreitamento de laços. No ano em que fui estagiária, a escola estudou o músico Giba Giba, e eu me lembro de recebê-lo e conversar com ele na secretaria da escola, junto com a Desiré. Eu sabia que aquele encantamento pela Projeto não ia acabar naquele final de 2008, quando decidi me aventurar nos corredores da Universidade entre pesquisas e outras leituras.
Mas o mundo dá muitas voltas e eis que uma nova chance surgiu, alguns anos depois. Eu já formada e com alguma experiência na bagagem. E foi aí que eu debutei numa sala de aula da Projeto, me sentindo pertencendo de verdade a esse universo à parte.
O começo foi de muita aprendizagem pra mim, até porque um dos princípios básicos desta escola é que professor e aluno estão em constante processo de ensino-aprendizagem. Costumo dizer que foi aqui que comecei não só a gostar, mas a compreender de verdade a Matemática, lendo e trabalhando junto com as crianças sobre algoritmos alternativos. Que escola proporciona ao aluno entender os mecanismos e a poesia por trás de uma ciência tão exata quanto a Matemática?
Minha caminhada até aqui foi feita de mudanças, aprendizagens, desconstrução de certezas, aumento do meu repertório sobre arte, literatura e mudanças profundas na minha relação com o ensino. Tudo isso me fez olhar o mundo, e o meu mundo, de outra maneira, conhecer músicos, como o Giba Giba lá em 2008, e me permitir ouvir e tocar outras canções.
Neste ano de 2019 eu completo 5 anos de sala de aula na Projeto, mas já são 10 anos, desde o meu estágio, lá em 2008, que esta escola me inspira e me faz querer mudar mundos (o meu, dos meus alunos e, porque não, o nosso?).
(*) Professora do ensino fundamental da Projeto, atualmente com 5º ano, turma 51.