Beth Baldi (*)
Hoje, dia 2 de julho, estamos enviando um convite muito especial às famílias, para um trabalho diferente. Trata-se de uma proposta envolvendo pais, mães, professores e professoras, assim como alunos e alunas da escola, para discutir, em Rodas de Conversa, ações possíveis de melhorias da nossa cidade.
Partindo de uma questão bem abrangente – O que podemos fazer para nos tornarmos (e para que nossos filhos(as) se tornem) atores efetivos na permanente reconstrução de uma cidade mais humana e sustentável? –, o objetivo é iniciar a formação de um grupo que construa em conjunto ações focadas, afirmativas e viáveis em nosso dia a dia, no sentido de aprimorar olhares e análises que nos impulsionem a agir cooperativamente e com empatia, em prol do melhor para todos.
No mês em que destacamos, nos nossos canais de comunicação, vários trabalhos da escola voltados ao exercício da cidadania – como assembleias de turma, formação de grupos em sala de aula e grêmio estudantil -, convidamos nossa comunidade escolar a vivê-la para além da sala de aula.
Essa ideia surgiu a partir de um convite feito à escola e de vários encontros que vieram depois. Explico: o convite veio, em janeiro, do Nilo Teixeira, vice-presidente do Grupo Amanhã, membro do coletivo POA Inquieta (https://poainquieta.com.br/) e tio de dois ex-alunos nossos, o Daniel e o Alexandre, filhos de sua irmã Derli, que até hoje está na escola conosco, participando do Grupo de Canto Adulto Sol de Si. Depois de assistir ao Show “Vem aqui que é muito tri”, comemorativo dos 30 anos da escola, no Araújo Vianna, em dezembro último, o Nilo ficou entusiasmado com o trabalho da Projeto, que estava sendo ali celebrado, e com sua capacidade de juntar tanta gente em torno da música e da arte. “Vocês têm criatividade e inquietude na veia” – escreveu ele no e-mail que nos enviou para marcar uma primeira conversa sobre a possibilidade de participarmos, como um piloto, de um programa para gerar inquietude em crianças e seus pais por uma Porto Alegre melhor.
Aceitamos imediatamente começar a pensar no assunto com um pequeno grupo de pessoas de diferentes áreas, que ele trouxe até nós, juntando-nos, então, a partir dali (e naquele momento nem sabíamos disso), ao próprio coletivo. Assim, com esse pequeno grupo, houve alguns encontros, em que levantamos objetivos para esse projeto junto à escola e ações possíveis. Em abril, num encontro com a equipe pedagógica da Projeto – professores e coordenação -, apresentamos o que havíamos delineado até então, buscando sua adesão e ideias. A equipe, mesmo sem entender direito o que estávamos propondo (talvez porque nós mesmos ainda não tínhamos muita clareza!), falou sobre projetos de estudo realizados na escola com diferentes séries, que poderiam se vincular, de alguma forma, ao que estávamos trazendo (Separação de Resíduos, Arredores do bairro da escola, Distribuição de doses poéticas, Horta e Composteira, Cuidados com o meio ambiente, Árvores da cidade, Ciclo Urbano da Água, Mobilidade Urbana, Indígenas e Negros na formação do povo do RS). Mas a questão sobre o que fazer exatamente e como encaminhar ficou no ar …
Até que, depois de assistir a uma fala do colombiano Santiago Uribe (**), que esteve, no dia 29 de maio, em um encontro do grupo de educação do POA Inquieta, o qual eu começava a frequentar, algumas fichas caíram. Passei a perceber melhor o que eles queriam dizer com “funcionamento orgânico”, quando falavam da forma do coletivo se organizar. Voltando ao nosso pequeno grupo e conversando sobre como a experiência de Medelín, relatada por Uribe, nos havia tocado, tivemos a ideia de propor, simples e despretensiosamente, “rodas de conversa” com os interessados da comunidade escolar. Daí o convite a todos, inclusive às próprias crianças, e a disposição em abrir mão do controle sobre o processo, permitindo que o projeto flua por si mesmo, com a condução e contribuição de todos os envolvidos.
E aqui nos encontramos, propondo vivências de cidadania e educação para além da sala de aula! Aonde vamos chegar? Não sabemos! Tudo vai depender das ideias e ações do próprio grupo que se formar! Quem vem com a gente?
(*) Diretora Pedagógica da Projeto.
(**) Diretor do Escritório de Resiliência de Medelín/Colômbia, que relatou e analisou a experiência que viveu, e vive, de transformação da sua comunidade, em termos de consciência cidadã, e da própria cidade, em relação à inovação e à criatividade aplicadas à solução de seus problemas.