Deborah Vier Fischer (*)
E mais um ano letivo se inicia… Poderia, talvez, dizer: é tudo novo de novo (1) , mas de fato, não é não. É quase tudo novo mesmo na escola Projeto, menos a nossa proposta pedagógica que se mantém, se qualifica e se amplia. Aos desavisados(as), uma explicação: o novo a que me refiro tem a ver com a nova sede da Projeto, novo endereço, escola unificada, educação infantil e ensino fundamental I compartilhando o mesmo espaço físico e nós, especialistas da infância, felizes por estarmos pertinho, acompanhando a jornada dos bem pequenos, de 1 ano em diante (Grupo 1), aos maiores, que nos deixam no 5º ano, com 10/11 anos.
O novo diz respeito também ao respiro de outros ares, que aguça ainda mais a vontade e a garra de seguirmos construindo uma escola que respeite e valorize a infância, considerando suas diferenças e especificidades. Que traga aos nossos alunos e alunas a ideia de que aprender requer envolvimento, iniciativa, emoção, vontade, participação. E para acompanhar o ritmo do nosso tempo, um novo carregado de uma boa dose de inventividade para tornar as aulas interessantes, envolventes e desafiadoras. Um viver as aulas, mais do que o “dar aulas”, no caso da equipe docente, ou de “recebê-las”, considerando as crianças.
É nesse clima, de novo e diferente, que nasce a nossa nova sede, mantendo o que é marca de uma escola que se percebe contemporânea, ou seja, o movimento e a modificação.
Falo hoje, vivendo a 3ª semana de trabalho neste local, que já tem o cheiro, as cores, os sons, o tato, o paladar das sedes antigas, com o acréscimo de mais vida, mais trânsito de pessoas, mais inovações. Me arrepio ao observar, nesses primeiros dias de aula, o olhar atento e deslumbrado das crianças e de suas famílias ao se deslocarem pelos corredores coloridos, definindo cada andar/etapa de educação que atendemos. A chegada da nossa equipe pedagógica e administrativa, descobrindo cada novo espaço, cada nova possibilidade de ser escola e de ser aula, ser vida ativa que convive diariamente com gente(s).
Me emociono em pensar que temos hoje uma área externa maior, que permite inúmeras brincadeiras e que nos convida a fazermos festas! Sim! E já tivemos a largada delas com um evento de Carnaval para a comunidade escolar, no final do turno da tarde, com música, dança, alguns comes e bebes, comemorando a alegria do reencontro. Nos aguardem que outras festas virão!
Outro dia, conversando com uma família, falávamos do tanto que parece que a nova sede já é parte da gente, já tem o nosso “DNA”. Como pode isso, se estamos há apenas 15 ou 16 dias com o prédio em funcionamento? Reforço minha tese (tese mesmo, de doutorado!) de que a escola é espaço de gente(s) e, como tal, respira, vive e ativa sentidos (FISCHER, 2019)(2). E isso ocorre independentemente de estar em um ou outro espaço, pois o que nos torna escola é o convívio, a presença, o estar junto. E isso é o que faz a diferença para pensar/viver/inventar/fazer acontecer a educação.
(*) Coordenadora Pedagógica da Projeto.
(1) Referência à canção de Paulinho Moska, Tudo novo de novo.
(2) Pensar com cenas de escola: a arte, o estranho, o mínimo. Tese de doutorado, defendida em 2019, junto ao PPGEDU/UFRGS, que se encontra disponível em https://lume.ufrgs.br/handle/10183/197436.