Gabriela Ribeiro Filipouski (*)
No encontro de outubro, conversamos sobre desenvolvimento e diferenças de criança para criança, destacando que cada uma avança em seu próprio ritmo, numa “espiral” de idas e vindas, e tem variadas influências em diferentes áreas (linguagem, motricidade etc.).
Isso porque o desenvolvimento infantil é um processo amplo e complexo, que começa antes do nascimento e dura por vários anos. Para que ele aconteça da melhor forma possível, no sentido de a criança poder desenvolver seu potencial (ou “brilhar”, como dizem no vídeo a que assistimos e recomendamos fortemente: https://ocomecodavida.com.br/nao-sao-tabulas-rasas/), é preciso estarmos atentos(as), como cuidadores(as) e educadores(as), tirando ou, simplesmente, não colocando obstáculos (“poeira”), que o impeçam ou dificultem.
Desde que nasce, o bebê possui muitos saberes, é participante ativo do seu desenvolvimento e das relações que estabelece com seus(as) cuidadores(as), mas precisa de tempo para metabolizar dentro de si tudo que recebe. Essas interações e os vínculos aí construídos são levados para todas as etapas do desenvolvimento infantil e têm o potencial de garantir uma vida adulta saudável.
Assim – e já entrando no assunto de nossa próxima conversa -, o olhar e o cuidado para o desenvolvimento integral, que devem englobar tanto o aspecto físico quanto o psíquico, ajudam a identificar quando algo não está bem e a tratar precocemente qualquer sinal de sofrimento e risco, para que a criança possa continuar crescendo. Nesse processo, é preciso ter atenção para algumas questões:
- Como identificar sinais de sofrimento no meu filho?
Em geral, o sofrimento psíquico infantil é causado por alguma falha na formação como indivíduo, o que pode se manifestar na família, na escola ou nas relações sociais. Manifesta-se por agressividade, mudanças de humor, queixas de ansiedade, dificuldades escolares, dificuldade de aceitação da realidade, estigma, pouco contato social, falta ou excesso de sono, problemas alimentares, entre outros.
- A presença desses sinais significa que meu filho tem alguma doença?
Não. Um sinal de risco não é suficiente para afirmar que existe uma patologia, mas serve como um alerta a ser avaliado e, eventualmente, acompanhado por um profissional da saúde. Qualquer diagnóstico na infância precisa ser feito com muita atenção e cuidado.
- O que fazer se esses sinais forem identificados no meu filho?
Conversar com um profissional da saúde capacitado para orientar sobre o observado. Por que não consultar quem possa auxiliar a respeito do desenvolvimento e suas etapas com alguma frequência? Essa atitude dará maior tranquilidade a respeito do desenvolvimento infantil e, consequentemente, os(as) filhos(as) poderão crescer em segurança. Em qualquer circunstância, o suporte familiar e um meio saudável são essenciais para que haja um desenvolvimento emocional que propicie a integração do indivíduo.
Na última Roda de Conversa deste ano, depois de discutir aspectos importantes para um desenvolvimento saudável, abordaremos alguns sinais de risco e sofrimento na infância. Será na próxima quarta-feira, dia 24 de novembro, às 19 horas.
Esperamos vocês!
(*) Psicóloga que coordena as Rodas de Conversa com as Famílias da Projeto, desde abril deste ano de 2021, e mãe do Bernardo, aluno do 3º ano da escola.