Bruna Silveira, Carla Binfaré, Iasmin Moraes e Vitória Metz (*)
Olhos que se encontram, mãos que se estendem e pessoas que se entendem. O chão da escola sustenta tantas experiências e subjetividades, que somente palavras não as descreveriam fielmente; é preciso sentir a escola. São indispensáveis a presença e o envolvimento para sentir todas as emoções e os aprendizados que correm pelos corredores, pelas salas e pelo pátio da escola. A escola é o estado de encontro do espaço e do tempo compartilhados pelas pessoas que ali estão. Pelas pessoas que estão ali sendo. A escola deixa marcas em nós. Nos traços de desenho e através dos outros infinitos gestos de comunicação presentes nesse espaço – e neste tempo que é sempre presente; o presente do carinho que conforta, do abraço que acolhe, do pensar em voz alta e do silêncio que respeita.
As marcas da escola ultrapassam os limites do nosso próprio corpo, e chegam em nossas famílias e pessoas queridas por nós, através de relatos compartilhados e da alegria evidente em ter descoberto algo novo. Na escola, crianças e adultos aprendem juntos todos os dias: ressignificam objetos do cotidiano, tais como garfos e tampas de panelas, ou esponjas que passam a ser utilizadas como carimbos em uma pintura. Com isso modificam o olhar sobre o mundo, e os convites para perceber desenhos na natureza nos lembram o trabalho em parceria com Antônio Augusto Bueno, assim como o poder das palavras nos remetem ao estudo das obras de Elida Tessler e de Sônia Rosa. São tantas as vivências que nos constituem como pessoas dentro desse espaço que chamamos de escola!
Para além dos encontros, a escola também marca por se caracterizar como um espaço de significado e afeto, por onde transitam sonhos, esperanças e gentes fazendo história, enquanto se constituem através de aprendizagens, conhecimentos, interações, ritmos e consequências. Através das marcas que vão sendo incorporadas por nós, habitantes da escola, a escola permanece. Ela perdura toda a existência de um tempo vivido pelas brincadeiras, pelo companheirismo, pelas cantorias, pelas histórias compartilhadas, pelos lanches coletivos e pelos encantamentos com as miudezas encontradas pelo caminho que nos levam até ela. A escola entrelaça saberes, pessoas e caminhos, em um reino não tão distante, cheio de fantasia – mas também de realidades – com espaço e respeito para o vir a ser de cada um.
(*) Equipe de professoras regentes da Educação Infantil da Projeto, em outubro de 2022