Marcelo Santa Helena (*)
Este ano, tive a oportunidade de conversar sobre sustentabilidade, eficiência energética, qualidade interna do ar e outras questões, com a Neca e com a Deborah, na Unidade 2 da Projeto, algo que venho estudando e trabalhando há mais de uma década, coisas que, por assim dizer, estão no meu sangue de engenheiro.
Desta conversa, surgiu o convite de eu ir conversar com a gurizada do segundo ano. Estavam a desenvolver um projeto com as embalagens. Achei que seria interessante falar da reciclagem dos materiais, utilizando como gancho as ditas embalagens. Preparei uma apresentação, com tópicos e imagens. De maneira básica, queria apresentar alguns conceitos do tripé da sustentabilidade (social, ambiental e econômica), os 3 R’s (reciclagem, reutilização e redução de consumo) e a tal pegada ambiental.
Ingenuamente, pensei eu, talvez consiga estender essa conversa por uma meia hora, máximo 45 minutos, afinal, é um pouco pesado e técnico esse assunto.
Acabamos ficando mais de uma hora, trocando informações, de igual para igual. Alguns me explicaram os conceitos com bastante propriedade. Me senti um pouco pateta e muito positivamente surpreendido. Qualquer dia eu volto para aprender mais…
No outro dia, o convite foi ir à Unidade 1 falar com os grupos 3 e 4 sobre os tais 3 R’s. Desta vez, novamente o engenheiro pensando, fui de peito aberto, afinal domino o assunto e, ora bolas, são pequenos de 3 e 4 anos (minha filha caçula incluída na turma). O que de tão desafiador pode acontecer… Bom, lá pelas tantas, uma pequena me pergunta: Mas como é mesmo que se reciclam as pilhas e baterias? Não estava preparado para tanto, pergunta difícil, mas consegui responder, não sei se suficientemente bem. Olhei para ela e vi que ficou um pouquinho decepcionada… do tipo, é só isso que ele tem para me dizer?
Sei que ainda haverá outros encontros, com outras turmas, ou com as mesmas também, mas fico com a certeza de que vou melhor preparado. Melhor preparado para contribuir, para trocar, para aprender, pois eles, os nossos pequenos, e os não tão pequenos, se questionam e nos questionam em nível alto, entendem e buscam entendimento de tudo, nos surpreendem. Precisamos estar preparados para isso, para aprender com eles, deles e junto com eles.
Minha dica é, se posso dar uma dica, aprendam com os seus pequenos cidadãos, sobre o tripé da sustentabilidade, sobre os 3 R’s, pegada ecológica e outros conceitos, assim a gente pode ajudar um pouco melhor na formação de pessoas que pensam. Que pensam nas suas ações de maneira social, sustentável e que têm a possibilidade de formar uma sociedade mais legal do que a que vivemos e formamos, afinal, ser sustentável é ser coletivo, é ganhar para todos e se beneficiar dos ganhos do grupo, é trabalhar para o grupo. Ser sustentável é ser mais corpo e menos umbigo.
Talvez, com a ajuda deles, possamos ser mais sustentáveis.
(*) Marcelo é pai das alunas Betina, do Grupo 3, e Beatriz, do 3º ano, e Engenheiro Eletricista, Especialista em Construções Sustentáveis, Coordenador de Instalações PUCRS.