A turma 32 está estudando a história de Porto Alegre, especialmente as marcas do povo africano e indígena. Para enriquecer esse projeto e aprofundar a investigação sobre os rastros deixados pelos indígenas na nossa cidade, a turma viveu uma experiência muito especial: passou um dia na Comunidade Tekoá Pindó Mirim, dos Guarani-Mbyá.
Após as preparações na escola, muitos momentos de expectativa e planejamento, a turma partiu bem cedo para o destino. A estrada foi longa, mas todos(as) estavam muito ansiosos(as) para viver a experiência que estava por vir, na terra indígena de Itapuã.
Logo que chegamos fomos recepcionados(as) por dois indígenas, com idades próximas às crianças da turma, que nos mostraram o caminho. Olhares curiosos e atentos, as crianças logo encontraram filhotes de animais: gatinhos e um bugio agarrado nos cabelos de um dos meninos da comunidade!
As crianças expressaram encantamento e surpresa com as diferenças daquele lugar e da escola que há naquele local, na qual se aprende em meio à natureza. Isso pôde ser percebido através das suas falas:
“Profe, acho que eu queria ser indígena!”
“Sentimos que estávamos em um lugar diferente e ousado”.
“Vimos coisas que não estamos acostumados e fizemos um ritual de boas-vindas, tivemos que falar a palavra ‘Aguyjevete’”. Entramos no lugar, dançamos com o pajé e ele fez uma linha no chão, onde ficamos esperando todos entrarem…”
“Fomos fazer as brincadeiras: corrida de obstáculos e cabo de guerra. Fizemos uma trilha e entramos no mato, vimos muitas tocas de tatu”
“Nós amamos, fizemos uma trilha, escalamos com uma corda, vimos símbolos e danças. Tinha um ritual que era bem cansativo! Nós gostamos da comida”
“Aprendemos que aranha é ‘nhandu’. Aprendemos que ‘Aguyjevete’ é: nós viemos em paz, nos receba em paz.
As crianças perceberam as diferenças, mas também que tudo tinha um porquê, tudo fazia sentido para aquele povo, que vive e precisa viver perto da natureza, conforme o que um homem mais velho e bastante respeitado da comunidade explicou:
“Quando o avô do cacique chegou aqui, só tinha eucaliptos plantados. E quem come folhas de eucaliptos? Os coalas. E tem coalas aqui? Não, só na Austrália! Foi ele quem plantou todas essas árvores nativas!
Para os homens brancos, o que temos aqui são somente árvores, para o nosso povo isso é remédio!”