Andréa Coelho Paim, Deborah Vier Fischer e Virgínia Verissimo (*)
Neste texto, elaborado a seis mãos, queremos contar, em breves linhas, o percurso de uma escola voltada à construção de uma relação reflexiva com a vida. Uma escola que se movimenta intensamente e se transforma a cada instante, na busca por criar laços e vínculos duradouros com o seu propósito maior: educar para/com a complexidade do nosso mundo.
A Escola Projeto nasceu no final dos anos 1980, tempos em que a cidade de Porto Alegre, o estado e o país se encontravam com novos e outros modos de pensar a educação, através dos estudos e pesquisas de vanguarda, que traziam à luz o pensamento construtivista. Esse referencial teórico, que não trata de um método, mas de uma orientação, um modo de investigação sobre o desenvolvimento do pensamento de crianças e jovens, tem como principais referências o suíço Jean Piaget e alguns de seus seguidores(as), dentre eles(as) a pesquisadora Emília Ferreiro.
De lá para cá, e já se vão 34 anos de um trabalho sério, comprometido e de muita desacomodação de pensamento, a Escola Projeto tem se firmado no cenário educacional de Porto Alegre e também de outras cidades do nosso estado, como uma referência em termos de uma educação diferenciada, que prioriza os conteúdos, habilidades e competências previstas nas legislações vigentes, mas que vai além, acreditando na importância da presença diária de interação com as diferentes linguagens das artes e garantindo a reflexão constante sobre o sentido de cultura e de respeito à diversidade que nos constitui como sujeitos, assim como as relações humanas e sociais como conteúdos de trabalho. A abordagem desses conteúdos, que instiga a investigação, o levantamento de hipóteses e o estabelecimento de relações, colabora para que as crianças, desde muito pequenas, sejam desafiadas a experimentar diferentes formas de aprendizagens e para que se reconheçam como sujeitos capazes de aprender e de ensinar.
Afinal, será que isso tudo faz diferença no modo como nossos alunos e alunas, nossa equipe e comunidade se relacionam com a escola, com as aprendizagens e com a vida? Temos certeza que sim! E o caminho trilhado pela escola, nesses anos todos, tem mostrado isso: formamos pessoas com pensamento crítico e sensibilidade, que levam para a sua vida tanto as aprendizagens cognitivas, quanto as afetivas – o saber se relacionar e se comunicar, respeitar e acolher as diferenças -, em uma consistente formação de base (educação infantil e ensino fundamental I – 1º a 5º ano), que lhes permite ampliar as possibilidades de escolhas e realizações, construindo relações amistosas e fundamentais com a vida. Pois essas pessoas, estão aí, atuantes na sociedade, contribuindo com o que levaram de melhor de todo esse convívio e aprendizado na escola. E o que é mais lindo de tudo: elas voltam para nos contar sobre seus processos no mundo!
Neste momento de profunda reflexão sobre a nossa história, reforçamos o que nos move: estar em parceria, construindo o sentido de comunidade, com escuta, respeito aos diferentes pontos de vista e organização de um trabalho sólido, que une pessoas em prol da educação como possibilidade de acesso e de transformação das formas de ser e estar neste mundo que tanto nos convoca e nos desafia a cada momento.
Como coordenadoras pedagógicas, deixamos o nosso recado: vale a pena viver a experiência de fazer parte da Escola Projeto! Não cansamos de aprender e de nos surpreender com o que podem as crianças e os adultos quando convocadas(os) a moverem ideias e pensamentos.
(*) Coordenadoras da Escola Projeto