Caliana Pauline Zellmann (*)
As salas de aula estão vazias. Vazias de gente, de carinho, de alegria de viver.
De que adianta a gente sem a gente?
Há dias eu não vejo minha turma entrando pela porta. Há dias não converso com minhas crianças, não vejo os rostos, não ouço suas vozes e não peço silêncio. Há dias estou tentando me reconhecer como uma professora que não está dentro da escola.
Nunca fui uma professora a distância, ou melhor, de distâncias. Sou professora de presença. Está sendo desafiador. Me vejo diante de um computador e do celular o tempo inteiro, e isso faz com que eu sinta mais falta ainda do ano que mal tinha começado, das novidades que chegavam, dos afetos que se começava a construir. Não são o celular e o computador que eu gostaria de ver.
Só que tudo o que está acontecendo vai além do meu umbigo, eu sei.
Vejo toda a gente paralisada por causa de um vírus que ninguém enxerga, mas que se faz enxergar de uma maneira nunca vista. Algo inacreditável para falar a verdade.
Durante estes dias, a sensação que tenho é de que estou dentro de um liquidificador, misturando sentimentos para que, deles, surja algo bom. Tomara que saia um “bolo” bem gostoso.
Então, que sigamos assim, nos procurando nesta pausa. Nos procurando e nos reinventando. Buscando preencher o vazio, superar a distância e ter força para fazer dar certo.
Que passe logo!
(*) Professora da Projeto – 4º ano/turma 41.